quarta-feira, 7 de julho de 2010

Trovas de muito amor para um amado senhor

de Hilda Hilst

Nave
Ave
Moinho
E tudo mais serei
Para que seja leve
Meu passo
Em vosso caminho.

* * *

Dizeis que tenho vaidades.
E que no vosso entender
Mulheres de pouca idade
Que não se queiram perder
            
É preciso que não tenham
Tantas e tais veleidades.

Senhor, se a mim me acrescento
Flores e renda, cetins,
Se solto o cabelo ao vento
É bem por vós, não por mim.

Tenho dois olhos contentes
E a boca fresca e rosada.
E a vaidade só consente
Vaidades, se desejada.

E além de vós
Não desejo nada.

domingo, 13 de junho de 2010

O Poeta Inventa Viagem, Retorno e Morre de Saudade

Se for possível, manda-me dizer:
É lua cheia. A casa está vazia -
Manda-me dizer, e o paraíso
Há de ficar mais perto, e mais recente
Me há de parecer teu rosto incerto.
Manda-me buscar se tens o dia
Tão longo como a noite. Se é verdade
Que sem mim só vês monotonia.
E se te lembras do brilho das marés
De alguns peixes rosados
Numas águas
E dos meus pés molhados, manda-me dizer:
- É lua nova -
E revestida de luz te volto a ver.

Hilda Hilst

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Rosa e rosinha

Desta vez eu deixo aqui uma linda poesia do Patativa do Assaré. Eu estava conversando sobre literatura com um colega, quando citei o Patativa e pensei: "Vou postar um poema do Patativa". Então peguei o livro Ispinho e fulô e comecei a folhear quando parei na linda poesia Rosa e rosinha que achei combina perfeitamente com o blog.


Bem.... talvez eu esteja errado, pode ser que não combine em nada com o blog, mas tal avaliação deve ser feita por vocês, não é mesmo?


Rosa e rosinha
Uma rosinha mostrando
Sua beleza e perfume,
Me olhava triste chorando
Com inveja e com ciúme.

Eu disse à pobre coitada
Não tenha raiva de mim,
Eu não sou disto culpada
Foi Deus quem me fez assim.

Você é rosa e eu sou Rosa,
Por Rosa fui batizada
E se eu nasci mais formosa,
Eu não sou disto  culpada.

Se alegre com o que é seu,
Ter inveja não convém,
Você não é como eu
Mas é formosa também.

A rosinha no seu galho
Me ouviu e se conformou,
As suas lágrimas de orvalho
A luz do sol enxugou.

Imagem retirada da web.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Exigências da vida moderna

Dizem que todos os dias você deve comer uma maçã por causa do ferro.
E uma banana pelo potássio.
E também uma laranja pela vitamina C.

Uma xícara de chá verde sem açúcar para prevenir a diabetes.
Todos os dias deve-se tomar ao menos dois litros de água.
E uriná-los, o que consome o dobro do tempo.
Todos os dias deve-se tomar um Yakult pelos lactobacilos (que ninguém sabe bem o que é, mas que aos bilhões, ajudam a digestão).

Cada dia uma Aspirina, previne infarto.
Uma taça de vinho tinto também.
Uma de vinho branco estabiliza o sistema nervoso.
Um copo de cerveja, para... não lembro bem para o que, mas faz bem.
O benefício adicional é que se você tomar tudo isso ao mesmo tempo e tiver um derrame, nem vai perceber.
 
Todos os dias deve-se comer fibra.
Muita, muitíssima fibra.
Fibra suficiente para fazer um pulôver.
Você deve fazer entre quatro e seis refeições leves diariamente.
E nunca se esqueça de mastigar pelo menos cem vezes cada garfada.
Só para comer, serão cerca de cinco horas do dia.

E não esqueça de escovar os dentes depois de comer.
Ou seja, você tem que escovar os dentes depois da maçã, da banana, da laranja, das seis refeições e enquanto tiver dentes, passar fio dental, massagear a gengiva, escovar a língua e bochechar com Plax.
Melhor, inclusive, ampliar o banheiro e aproveitar para colocar um equipamento de som, porque entre a água, a fibra e os dentes, você vai passar ali várias horas por dia.

Há que se dormir oito horas por noite e trabalhar outras oito por dia, mais as cinco comendo são vinte e uma.
Sobram três, desde que você não pegue trânsito.

As estatísticas comprovam que assistimos três horas de TV por dia.
Menos você, porque todos os dias você vai caminhar ao menos meia hora (por experiência própria, após quinze minutos dê meia volta e comece a voltar, ou a meia hora vira uma).
 
E você deve cuidar das amizades, porque são como uma planta: devem ser regadas diariamente, o que me faz pensar em quem vai cuidar delas quando eu estiver viajando.

Deve-se estar bem informado também, lendo dois ou três jornais por dia para comparar as informações.

Ah! E o sexo.
Todos os dias, tomando o cuidado de não se cair na rotina.
Há que ser criativo, inovador para renovar a sedução.
Isso leva tempo e nem estou falando de sexo tântrico.

Também precisa sobrar tempo para varrer, passar, lavar roupa, pratos e espero que você não tenha um bichinho de estimação.

Na minha conta são 29 horas por dia.

A única solução que me ocorre é fazer várias dessas coisas ao mesmo tempo!!!

Tomar banho frio com a boca aberta, assim você toma água e escova os dentes. Chame os amigos e seus pais.
Beba o vinho, coma a maçã e dê a banana na boca da sua mulher.

Ainda bem que somos crescidinhos, senão ainda teria um Danoninho e se sobrarem 5 minutos, uma colherada de leite de magnésio.

Agora tenho que ir.

É o meio do dia, e depois da cerveja, do vinho e da maçã, tenho que ir ao banheiro.

E já que vou, levo um jornal...

Tchau....

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Campo Branco

O poema que irei postar hoje, na verdade, é a letra de uma linda cantiga do cantador sertanez Elomar Figueira Mello.  O nome é Campo Branco e mostra um homem da roça falando ao campo compartilhando suas dores.

Mas antes de postar a letra dessa linda cantiga, eu gostaria de compartilhar uma pequena frustração que eu tenho toda vez que venho postar aqui. Naturalmente eu quero deixar aqui os poemas que eu mais aprecio. Aqueles que mais me fazem viajar ou que me arrepiam, então sempre eu quero postar o poema que eu gosto acima de qualquer um e então eu percebo que eu já postei Ismália de Alphonsus de Guimaraens. Como são as coisas, não?

Agora, sim, eis aí um dos poemas mais belos do menestrel Elomar.

Campo branco minhas penas que pena secou
Todo o bem qui nóis tinha era a chuva era o amor
Num tem nda não nóis dois vai penano assim
Campo lindo ai qui tempo ruim
Tu sem chuva e a tristeza em mim
Peço a Deus a meu Deus grande Deus de Abrãao
Prá arrancar as pena do meu coração
Dessa terra sêca in ança e aflição
Todo bem é de Deus qui vem
Quem tem bem lôva a Deus seu bem
Quem não tem pede a Deus qui vem
Pela sombra do vale do ri Gavião
Os rebanhos esperam a trovoada chover
Num tem nada não tembém no meu coração
Vô ter relampo e trovão
Minh'alma vai florescer
Quando a amada a esperada trovoada chegá
Iantes da quadra as marrã vão tê
Sei qui inda vô vê marrã parí sem querer
Amanhã no amanhecer
Tardã mais sei qui vô ter
Meu dia inda vai nascer
E esse tempo da vinda tá perto de vin
Sete casca aruêra cantaram prá mim
Tatarena vai rodá vai botá fulô
Marela de u'a veis só
Prá ela de u'a veis só

quinta-feira, 22 de abril de 2010

O Viajante Encapuçado

Quero compartilhar com vocês trecho de um o livro que estou lendo pela terceira vez. On the Road: Pé na Estrada, de Jack Kerouac e tradução de Eduardo Bueno, publicado pela L&PM. Na página 165.

Sal Paradise estaria ficando obcecado por algo estranho, alguma decisão que deveria tomar e, que no entanto, após a chegada de seu amigo Dean Moriaty, ele estava se esquecendo aos poucos o que era, mas sabia que tinha algo a ver com o Viajante Encapuçado.

"Certa vez, Carlo Marx e eu nos sentamos frente a frente em  duas cadeiras, joelho contra joelho, e eu lhe contei um sonho que tivera, com uma estranha figura árabe que me perseguia através do deserto; uma figura da qual eu tentava escapar mas que finalmente me alcançava pouco antes de chegar à Cidade Protetora. "Quem era?", perguntou Carlo. Refletimos. Sugeri que talvez fosse talvez fosse eu mesmo vestindo um manto. Não era isso. Algo, alguém, algum espírito nos perseguia, a todos nós, através do deserto da vida, e estava determinado a nos apanhar antes que alcançássemos o paraíso. Naturalmente, agora que reflito sobre isso, trata-se apenas da morte: a morte vai nos surpreender antes do paraíso. A única coisa pela qual ansiamos em nossos dias de vida, e que nos faz gemer e suspirar e nos submetermo a todos os tipos de náuseas singelas, é a lembrança de uma alegria perdida que provavelmente foi experimentada no útero e que somente poderá ser reproduzida (apesar de odiarmos admitir isso) na morte."

sábado, 17 de abril de 2010

Alegria!

Vim agora a pouco dar uma olhada se havia algum comentário no blog e vejam só: Os comentários antigos todos voltaram.


Agora, como não sou bobo, vou logo fazer um back-up de tudo para evitar qualquer problema.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Perdoem-me leitores do blog "Chique é Ser Feia"

Venho aqui pedir perdão a vocês leitores e a Nanda, se ela por um acaso estiver lendo esta mensagem. Fiz uma grande besteira.

Provavelmente a última mensagem que você leram foi uma dizendo que eu entraria em férias, essa postagem faz uns três meses. Pois bem, eu não me esqueci de postar aqui, muito pelo contrário, desde que cheguei das férias tenho postado os meus poemas favoritos todas as quintas feiras, como prometi.

O que aconteceu de vocês ficarem tanto tempo sem receber as atualizações do blog e subitamente receber três meses de postagens de uma vez só - e isso eu fui descobrir só agora - foi uma pequena besteira que fiz.

O endereço do blog, originalmente é http://feialinda2009.blogspot.com, como já mudamos de ano, assim que voltei das férias, eu atualizei o endereço para http://feialinda2010.blogspot.com.

Andei reparando que eu não recebia mais comentários aqui o que me deixou muito triste, pois pensei que eu tinha falhado mortalmente na missão de cuidar do blog, então o que venho a descobrir agora a pouco? Nenhuma atualização estava sendo enviada aos seguidores. Eu descobri isso por que eu seguia o blog antes da Nanda me passá-lo e continuei segundo depois disso, quando, na parte que mostrava as atualizações dos blogs que eu sigo, eu cliquei em Chique é Ser Feia, eu percebi que a última postagem que havia era o aviso de férias, também percebi que esse aviso era da época em que o link para o blog era http://feialinda2009.blogspot.com.

Quando eu vi isso, tratei de voltar com o endereço para o original para ver o que acontecia e vejam só: todas as postagem que fiz desde minha volta das férias apareceram em um passe de mágica.


No entanto, eu descobri que ao voltar com o endereço para o original o Blogger excluiu  todos os comentários (exceto por um).

Novamente eu penso um desculpas por ter falhado com vocês, Nanda e seguidores do blog Chique é Ser Feia. Vocês não fazem idéia de como me parte o coração descobrir que os comentários foram excluídos. Poxa... Sempre procuro guardar tudo com muito carinho. Para se ter idéia, até hoje tenho guardado as páginas do meu primeiro blog e os poucos comentários recebidos por ele, também guardo as páginas do meu primeiro site, mesmo sabendo que provavelmente não retornarei a usá-las, então talvez dá para imaginar como me sinto em ter perdido os comentários que você deixaram aqui para mim e para a Nanda.


O Trovador das Gerais

quinta-feira, 15 de abril de 2010

O Bicho

de Manuel Bandeira

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre detritos
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
não era um gato,
não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Dizem que Finjo ou Minto

Fernando Pessoa


Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é,
Sentir, sinta quem lê!

quarta-feira, 17 de março de 2010

Amor é fogo que arde sem se ver

Camões

Amor é o fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.


É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder.


É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.


Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo amor?


Acho lindo esse poema.
Talvez ele seja um clichê ao se falar de amor,
no entanto, ultimamente,
eu ando clichê mesmo...

sábado, 13 de março de 2010

Soneto da Mulher ao Sol
Vínicius de Morais

Uma mulher ao sol - eis todo o meu desejo
Vinda do sal do mar, nua, os braços em cruz
A flor dos lábios entreaberta para o beijo
A pele a fulgurar todo o pólen da luz.

Uma linda mulher com os seios em repouso
Nua e quente de sol - eis tudo e que preciso
O ventre terso, o pelo úmido, e um sorriso
À flor dos lábios entreabertos para o gozo.

Uma mulher ao sol sobre quem me debruce
E a quem beba e a quem morda e com quem me lamente
E que ao se submeter se enfureça e soluce

E tente me expelir, e ao me sentir ausente
Me busque novamente - se deixa a dormir
Quando, pacificado, eu tiver de partir...

A bordo do Andrea C., a caminho da Fraça, novembro de 1956

quarta-feira, 3 de março de 2010

A partir de hoje, 4 de março de 2010, quinta feira, eu declaro terminadas minhas férias e que volto a postar aqui todas as quintas sem falta! E para começar eu gostaria de postar um poema retirado do livro Poemas do Velho Cansado II de Victor Alves Cardoso.

Entre os Quarenta Anos

Queria citar os nomes,
Somente daqui à Salinas
De cidades boas e fortes,
Também as pequeninas.
As minhas conhecidas
Que são parentes e primas.

Gostaria de destacar,
Alguns nomes primitivos,
Que então foram mudados.
Referentes, alusivos,
Registrados pela Lei,
Emolumentos positivos.

Rumei para Minas Novas
Voltei por Fortaleza,
No Calhau e Filadélfia
S. Miguel foi uma beleza!

Foram as primeiras comarcas
Bastante conhecidas.
Não havia trens, nem estradas
Para conforto de nossas vidas.

Hoje, de S. Miguel à Minas Novas,
Nem me lembre de comida!
Saio cedo e chego já.
Estou cuidando da minha vida!

Veja como evoluiu:
Minas Novas se conservou,
Calhau passou a Araçuaí
Filadélfia a Teófilo Otoni,
S. José a Caraí,

Fortaleza a Pedra Azul,
São Roque a Itaobim,
S. Miguel a Jequitinhonha,
Três Barras a Catugí.

Santa Rita é Medina,
Coronel Murta foi Itaporé,
Fazenda Velha é Sant'ana,
Santo Antônio, Tuparecê

Águas Vermelhas é Padre Paraíso
André Fernandes foi Cachoeiro,
Os Quartéis Joaima,
São Bento, Novo Cruzeiro.

Ponto dos Volantes, Barra dos Pilões,
São Domingos é Virgem da Lapa,
Águas Belas é Águas Formosas,
Fiqueirinha é Valadares.

Intinga nada mudou:
Nome, nem situação.
Enquanto for regida,
No sistema tubarão,
Ponto dos Vonlantes está em baixo,
Sofrendo confusão!

Não se prova que seus filhos
Demonstrem maldição.
Só é vítima de constrastes
De quem diz que tem razão!

Ponto dos Volantes é muito bom
E sofre defamação.
PÉ pena que não se faça
Uma certa distinção! 

Victor Alves Cardoso, mais conhecido por Seu Vitório, foi um poeta da cidade mineira Ponto dos Volantes, situada na região do Vale do Jequitinhonha, e teve (pelo que eu saiba) dois livros publicados: Poemas do Velho Cansado I e Poemas do Velho Cansado II. Infelicidade minha não poder dizer mais sobre Seu Vitório, afinal, não sendo um escritor famoso fica quase impossível encontrar mais coisas sobre ele. Infelicidade minha novamente saber de seu falecimento antes mesmo de poder conhecê-lo.

Tentei agora mesmo procurar mais sobre ele na internet e o mais próximo que encontrei foi uma notícia dizendo que algumas bibliotecas públicas do Vale do Jequitinhonha receberam doação de livros, sendo que a biblioteca de Ponto dos Volantes que leva o nome de Seu Vitório - Biblioteca Victor Alves Cardoso - recebeu tal doação.

Bem. Esse poema foi um pouco do meu amado Ponto dos Volantes a vocês, queridos leitores do blog Chique é Ser Feia.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Aviso: FÉRIAS

Breve aviso aos leitores de O Trovador das Gerais e Chique é Ser Feia, estou tirando umas férias dos blogs apartir de hoje. Tais férias surgiram unicamente pela falta de inspiração e de idéias que ando com ela ultimamente. Volto em Fevereiro ou Março "quente pelando".

Abraços.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Como já diria John Lennon: "And so this is Christmass"

Bem.... Hoje não vou deixar poema nenhum anotado aqui.

Neste tópico e nesta quinta-feira pré natalina quero pedir a todas as feiosidades do mundo que aperte as mãos dos seus amigos mais íntimos, que pedir que ponham crédito no celular e liguem para aquele amigo distante e por fim quero pedir que, neste Natal, só perdoe a pessoa com quem você brigou se for de coração, se não for de coração, deixe por isso mesmo. É melhor do que ser hipócrita e desculpar no Natal para ferrar no Ano Novo, como já vi acontecer algumas vezes.

E por fim quero simplesmente desejar um GRANDESSISSISSISSISSISSÍSSIMO FELIZ NATAL a todos que acompanham os blogues Chique é Ser Feia e/ou O Trovador das Gerais.

Digo especialmente neste blog que, apesar de estar com ele pouco tempo - seis semanas se eu não contei errado - já criei um carinho muito grande por ele, obviamente muito maior do que o carinho que eu já tinha quando era apenas leitor do blog.

Novamente desejo a todos um Grandessissississississíssimo Feliz Natal a todos

O Trovador das Gerais

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Pequeno Perfil de um Cidadão Comum

1

Era um cidadão comum como esses que se vê na rua.
Falava de negócios rua/via show de mulher nua.
Vivia o dia e não o sol, a noite e não a lua.

Acorda sempre cedo (era um passarinho urbano!)
embarcava no metrô, o nosso metropolitano
Era um homem de bons modos: - "Com licença!"
                             - Foi engano!"


2

Era feito aquela gente honesta, boa e comovida
        que caminha para a morte
        pensando em vencer na vida.
...................................................
Era feito aquela gente honesta, boa e comovida
        que tem no fim da tarde
        a sensação da missão cumprida.
...................................................


3

Acreditava em Deus e em outras coisas invisíveis.
Dizia sempre, Sim! nos seus senhores infalíveis.
(Pois é! Tendo dinheiro não há coisas impossíveis)

Mas o anjo do Senhor (de quem nos fala o
                                  [Livro St.º)
Desceu do céu pra uma cerveja, junto dele, no seu
                                  [canto
E a morte o carregou, feito um pacote, no seu
                                  [manto.


4

QUE A TERRA LHE SEJA LEVE!
Belchior e Toquinho

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Jogos Florais I

Cacaso


Minha terra tem palmeiras
onde canta o tico-tico.
Enquanto isso o sabiá
vive comendo o meu fubá.


Ficou moderno o Brasil
ficou moderno o milagre:
a água já não vira vinho,
vira direto vinagre.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Leva eu Sôdade

Os Cantores de Ébano

Ô leva eu,
Minha sodade,
Eu também quero ir,
Minha sodade,
Quando chego na ladeira,
Tenho medo de cair,
Leva eu, (leva eu)
Minha sodade.

Menina tu não te lembra,
(Minha sodade),
Daquela tarde fagueira,
(Minha sodade)
Tu te esqueces,
E eu me lembro,
Ai, que sodade matadeira,
Leva eu, (leva eu)
Minha sodade.

Na noite de São João,
(Minha sodade),
No terreiro uma bacia,
(Minha sodade),
Que é pra ver se para o ano,
Meu amor ainda me via,
Leva eu, (leva eu)
Minha sodade.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Cortejo

Tendo estado
toda uma tarde
ouvindo
um tempo branco
sentindo dedos de água
descidos da noite.
Figuras
surgem paralelas
como saídas agora
da cal da parede.
Ali onde a sombra joga
na brisa de outra água.
De perto,
a superfície do muro
pára:
distração.


Vera Pedrosa

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Ismália

Ismália
Alphonsus de Guimaraens


Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.


No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...


E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava longe do céu...
Estava longe do mar...


E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...


As asas que Deus
lhe deu Ruflaram de par em par...
Sua alma, subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...