sexta-feira, 30 de janeiro de 2009


Te amo, Vida, líquida esteira onde me deito

Romã baba alcaçuz, teu trançado rosado

Salpicado de negro, de doçuras e iras.

Te amo, Líquida, descendo escorrida

Pela víscera, e assim esquecendo

Fomes

País

O riso solto

A dentadura etérea

Bola

Miséria.

Bebendo, Vida, invento casa, comida

E um Mais que se agiganta, um Mais

Conquistando um fulcro potente na garganta

Um látego, uma chama, um canto. Amo-me.

Embriagada. Interdita. Ama-me. Sou menos

Quando não sou líquida.

(Alcoólicas - V)


Hilda Hilst

8 comentários:

  1. Extremamente forte esse poema..e belo.
    beijão

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  2. Olá, seu blog é muito interessante!
    Parabéns!!!

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  3. Oi amora!!

    A gloriosa Hilda, bela homenagem!!

    essa sangrava escrevendo,
    palavras cortantes como navalha,

    é arrebatador!

    bjs!

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  4. Que blog bonito...
    Adorei seu cantinho!
    Bom findi!

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  5. ...nossaaa!
    há tempos não encontrava Hilda Hilst
    por aqui na blogsfera.

    parabéns pela lembrança.

    bjusss

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  6. Olá.
    Nunca te vi e nunca te amei.
    Mas não sei porque deu vontade de te escrever, que a sensação que o texto passa, é que quando vc não é líquida, é de marfim.
    Parabéns pelo texto.

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  7. já tenho lesadosemgeral

    Eu nunca te ví nem senti,mas posso te amar

    Beijo

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