quarta-feira, 14 de janeiro de 2009


"Não compreendo o olho e tento chegar perto.
Também não compreendo o corpo, essa armadilha, nem a sangrenta lógica dos dias, nem os rostos que me olham nesta vila onde moro, o que é casa, conceito, o que são as pernas, o que é ir e vir, para onde Ehud, o que são essas senhoras velhas, os ganidos da infância, os homens curvos, o que pensam de si mesmos os tolos, as crianças, o que é pensar, o que é nítido, sonoro, o que é som, trinado, urro, grito, o que é asa hein? Lixo as unhas no escuro, escuto, estou encostada à parede no vão da escada, escuto-me a mim mesma, há uns vivos lá dentro além da palavra, expressam-se mas não compreendo, pulsam, respiram, há um código no centro, um grande umbigo, dilata-se, tenta falar comigo, espio-me curvada, winds flowers astonished birds, my name is Hillé, mein name madame D, Ehud is my husband, mio marito, mi hombre, o que é um homem?"

Hilda Hilst

5 comentários:

  1. O dia que descobrir o que é um homem, teremos a chave para entender o que é uma mulher.

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  2. Ou teremos a chave para nos confundirmos ainda mais..rs

    O que será que a Feia acha?!

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Acho que existem fechaduras sem chaves...rsrs

    Beijos amoros

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  5. toda fechadura tem uma chave que encaixa perfeitamente nela.....

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